A revolução russa
André Chervel Marie-Madeleine Compère
Apresentação
A história dos currículos e das disciplinas es colares tem sido objeto de pesquisa nas últimas décadas e o interesse historiográfico so bre esta te mática articula-se às in dagações so bre as redefinições de políticas educacionais e pro blemáticas epistemológicas oriundas da denominada “crise paradigmática” dos anos 70. As décadas de 1970 e 1980 foram marca das por políticas educacionais que, entre outras ações, cuidaram das reformulações cur riculares em muitos pa íses do mundo ocidental. Nesse processo de reformulações, a escola e o conhecimento por ela produzido tornaram-se objeto de interesse em vários pa íses. O cotidiano escolar, as práticas de ensino de professores e alunos e os materiais escolares começaram a ser con siderados relevantes no processo educacional e, nesta perspectiva, as disciplinas esco la res tornaram-se objeto de investigação, buscando-se jus tificar ou compreender o pa pel e o sig ni ficado de cada uma delas na definição dos novos currículos, e pre ocupando-se, en tre outras dimensões, em identificar e apreender o conhecimento escolar por elas pro du zi do. As pesquisas da his tória dos currículos e das disciplinas articulam-se, assim, ao processo de transformações educacionais das últimas dé cadas do século XX, momento em que se repensa o papel da escola em suas es pecificidades e como espaço de produção de saber e não mero lugar de reprodução de conhecimentos impostos ex ternamente. Nos anos 80, em especial, vá rias re fle xões sobre práticas educacionais contribuíram para a revisão de posições que concebiam a escola apenas como um dos principais aparelhos ideológicos do Estado e das classes dominantes, sem atentar para os aspectos contraditórios existentes no cotidiano da vida escolar. Verificavam-se, então, as ações dos diferentes sujeitos envolvidos no pro cesso es colar, assim como os conhecimentos que produziam em suas dimensões mais am plas. Um