A Revolta da Vacina
Neste capítulo do livro Os Bestializados de José Murilo de Carvalho( Sociólogo, Cientista Político, Historiador, Professor Universitário e Membro da Academia Brasileira de Letras) temos uma análise apurada do evento centenário ocorrido na Capital da República em novembro de 1904. Com profundo conhecimento do tema, o autor expõe o projeto republicano de transformar a Capital Federal em uma “Paris Tropical”, lançando mão de um arrojado empreendimento higienista e reurbanizador que causaria grande impacto nas camadas mais pobres da população(maioria negra e mestiça). Neste ambiente, começa a lida governamental para pôr em prática a lei de obrigatoriedade da Vacina da Varíola( Osvaldo Cruz), aprovada no Congresso, mas com ferrenha oposição de políticos e militares positivistas. O Presidente Rodrigues Alves era acusado de inepto, corrupto e ex- Monarquista, entretanto o autor ressalta o incipiente crescimento econômico no seu mandato. Setores da Imprensa aderem à campanha anti-vacina( Correio da Manhã) e nefastos efeitos colaterais pululam em charges de jornais. Surgem inúmeros abaixo-assinados alegando Inconstitucionalidade da Lei. Pela Primeira vez fala-se em “Justificativa Moral” contra a vacina. Começam os conflitos com a polícia, estudantes são presos, há registros de depredações. Assembléias são realizadas com o intuito de articular setores diversos da sociedade. A Imprensa Governista( O Paiz) tenta desqualificar e deslegitimar o movimento, utilizando de expressões como “Desordeiros desobedientes e incultos” ( fato corriqueiro em se tratando de Imprensa Conservadora). A violência aumenta com a destruição de bondes e construção de barricadas. Iniciam-se motins em escolas militares e registram-se escaramuças entre a polícia e setores das Forças Armadas, evidenciando um