A questão da deficiencia
ESPECIAIS, A FAMÍLIA E A SOCIEDADE.
Profª Dra. Maria Helena Cirne de Toledo
A relação que se desenvolve entre a criança e a família, adquire “nuances de uma experiência universal, a maneira como a família enfrenta a decepção e trauma inesperados“ (Telford & Sawrey, 1967, pg. 169). Crises familiares, tensão, frustração são experiências comuns a quase todas as famílias e não privilégio de famílias de pessoas com necessidades especiais. O nascimento de uma criança portadora de deficiência suscita nos pais um inquestionável sentimento de culpa que, aliado a um profundo golpe em seu narcisismo, os leva na maioria das vezes, a ignorar ou negar tal fato. A revelação de um diagnóstico médico sobre a deficiência do filho, leva os pais a uma interminável peregrinação de um especialista a outro, inicialmente com o objetivo claro de constatar uma falha no diagnóstico de deficiência. Posteriormente, o que esses pais procuram é a “cura” da deficiência do filho. Nesse perambular obsessivo, muitas famílias se desestruturam, alguns pais tornam - se descrentes da medicina. Há pais ainda que se recusam a levar o filho a um consultório médico, como se pelo fato de não terem o diagnóstico da deficiência, esta não se concretizasse. De toda forma, perde-se um tempo precioso nesse labirinto de defesas mais ou menos inconscientes (Regen, Ardore e Hoffmann, 1993) impedindo que a criança com necessidades especiais, possa obter um diagnóstico precoce e receber estimulação e tratamentos adequados, que facilitem sua reabilitação. Além desse prejuízo, que reputo seriíssimo desenvolve-se muitas vezes, entre mãe e filho, pai e filho, uma relação bastante deturpada, quase patológica, onde os pais tentam sufocar o intenso sentimento de culpa, com uma atitude super protetora em relação ao filho ou de inequívoca rejeição mas onde sobressai, gritante a ausência quase que completa de limites.
À criança portadora de