A profecia de Las Casas

TODOROV, Tzvetan. A conquista da América – a visão do outro. Tradução de Beatriz Perrone Moi. Martins Fontes, 2ª Ed.

Epílogo – A profecia de Las Casas1

A leitura do texto não é difícil e nos põe a pensar em diferentes momentos históricos, numa constante retomada da colonização espanhola; o momento em que a Europa passa na década de 1980 (período em que o autor escreve), assim como também nos faz pensar no nosso encontro com o outro ainda os dias atuais e no quanto o comportamento que jugamos pode ser repetido por nós mesmos sem que tenhamos consciência disso. Porque como o autor escreve já no fim do texto a preocupação moderna em se diferenciar do homem de antes é uma repetição da ideia do colonizador que afirma sua cultura como forma de diferenciar do colonizado (tido como selvagem). Desta forma a leitura deste texto, que é um resumo das ideias trabalhadas ao longo do livro nos põe a pensar no outro não como objeto da nossa visão, mas sujeito de sua própria história, construtor dela igualmente aos que registraram a “conquista” na história oficial.
Na leitura do epílogo da obra de Tzvetan Todorov, A conquista da América: a questão do outro, pode-se observar que o autor parte de questões do tempo presente, numa clara crítica dos acontecimentos próprios da democracia europeia do século XX propondo em sua análise buscar as origens do totalitarismo, da desigualdade e da intolerância que são características da sociedade europeia contemporânea a escrita do autor e que remete também ao passado europeu. Essas características que marcam a sociedade ocidental no final do século XX tem raízes mais antigas do que a nossa análise rasa podia prever, a análise do autor esclarece algumas questões com relação ao passado e presente da Europa, criando conexões entre os dois tempos históricos que até então passava sem a percepção necessária. Logo, a análise de Todorov com relação ao outro, não diz respeito somente ao outro “selvagem” ao índio americano encontrado no final