A politica
Para a produção capitalista se desenvolver, e obter o êxito produtivo, foi preciso que a relação antagônica entre os trabalhadores e os capitalistas estivesse amparada por uma estabilidade, só garantida pela dominação eficaz do capital na esfera da política (Estado) e da produção material (unidades produtivas individuais).
O funcionamento da sociedade capitalista exigia um controle centralizador e autoritário diante da rebeldia dos trabalhadores em produzir os meios de sua própria dominação mais-valia extraída da força de trabalho e apropriada pelo capitalista
O inegociável despotismo sobre o trabalho, na base da produção, combinou-se com uma ilusão democrática do ordenamento jurídico-político liberal no âmbito do Estado. O antagonismo real entre o capital e o trabalho deveria ser ocultado pelo incentivo à participação de todos nos processos de decisão quanto aos destinos da sociedade. Ainda que a consumação do projeto capitalista de sociedade tenha levado algum tempo para se consolidar na história, a partir do século 20 ele demonstrou plenamente sua maturidade. Em particular, conseguiu articular adequadamente no Ocidente o controle sobre o funcionamento socio-metabólico da sociedade com a participação democrática de todas as classes.
Enquanto, na primeira metade do século 20, puderam-se ajustar os interesses da expansão do capital a uma crescente participação política dos trabalhadores, e até mesmo uma maior integração destes no mercado de consumo em sua fase de crescimento e ocupação de novos territórios e mercados, o efeito ideológico desta aparente sintonia entre capitalismo e democracia2, constituída na base da política de negociação entre as classes, teve enorme utilidade na atenuação dos