A pagina que me olha

A bendita folha em branco; quando ela deixou de ser só uma folha pra ser algo difícil, relutante, e por que não perigoso, bons tempos em que era só sentar e falar nas letras, pontos e virgulas , tudo que me feria e adoçava vida , era tão bom não ter medo, era só eu e meu caderno, minha datas loucas , “ 1° lua linda de verão de 85” “ Choro triste de agosto” “ Abril do ano que amei Alex ” era fácil por que era só eu ? era simples por que era aos 12 anos ? sinceramente não sei , quando li meu primeiro livro de um menino que só tinha um pé de fruta, percebi que escrever podia ser sobre mim, poderia colocar o que era só meu com liberdade, o meu medo do que me esperava aos 25 anos (pq 25 não sei?), minha raiva fdp de alguém, meus porquês loucos insanos e os vários “me ferrei de novo pelo motivo tal “, tudo isso sem ter de contar nada a ninguém, pois eu ainda não conhecia bem a palavra critica, mas sabia exatamente como ela me atingiria se minhas palavras saíssem do papel , por isso fui escrevendo , escrevendo , escrevendo , até onde aguentava , e guardava ali tudo que eu não sabia o que era, mas que hoje reconheço como desvio da solidão. Será que deixe de ser só e por isso parei de escrever ? acho que não, por que solidão é ser gota no meio do mar, faz diferença mas não se sente a diferença, então continuo na mesma, o tempo está curto ? Passando rápido demais? Ou os medos mudaram, não existe mas a 1° lua linda de verão? Sinceramente não sei , só sei que hoje a pagina em branco me assusta , ela tem mas poder do que eu pois vai além de mim, vai para outros olhos , outras verdades , vontades e desejos, é isso ?é essa a resposta? O medo é outro olhar sobre a pagina ? Talvez sim, talvez não, quem ler talvez possa me dizer , entender , explicar, o que tenho certeza é que a “Folha que me olha” é um fato e minhas memórias somente pequenos argumentos.

Adriana