A Ovelhinha Preta
Era uma vez um pastor que vivia muito longe nas montanhas.
Tinha um cão-pastor chamado Piloto, que o ajudava a guardar as ovelhas. Piloto guardava as ovelhas enquanto o pastor ficava sentado numa pedra a fazer malha. O pastor fazia meias, cachecóis, camisolas e cobertores, todos de pura lã, e vendia-os no mercado da aldeia.
Quando o pastor reparava que uma ovelha estava a afastar-se muito do rebanho, pegava num apito de madeira e dava uma curta apitadela. Era um sinal para o Piloto correr atrás da ovelha e trazê-la outra vez para junto das outras. Então o Piloto sentia-se muito importante.
Ao pôr do sol o pastor dava uma apitadela longa, e isto significava que o Piloto tinha de reunir as ovelhas e se conduzi-las para o redil. À medida que as ovelhas iam saltando lá para dentro, o pastor contava-as para ter a certeza de que estavam todas.
Todas as ovelhas eram brancas, menos uma. Havia uma ovelhinha preta. Quando o Piloto ladrava «Todas para a esquerda!”.» ou «Voltar à direita!» ou «Alto», todas as ovelhas obedeciam. Todas, menos a ovelhinha preta, que muitas vezes virava para a esquerda quando devia virar para a direita, porque estava a pensar noutra coisa qualquer. Piloto ficava aborrecido.
Aquela ovelha preta não me obedece! - queixava-se o Piloto ao pastor. - E pensa de mais! As ovelhas não precisam pensar. Eu penso por elas!
A ovelhinha preta gostaria de ser como as outras.
- Piloto repara quando eu faço uma asneira porque eu sou preta - dizia ela ao pastor. - Não me podias fazer um casaquinho branco para eu passar despercebida? - Ora essa! - respondeu o pastor. -Tu dás até muito jeito. Quando eu vos conto a todas ao saltarem para o redil, quase que adormeço. Mas sou sempre acordado pela minha ovelhinha preta a saltar lá para dentro, especialmente se tu tropeças. Mas o Piloto gostava de ordem e disciplina no rebanho.
- Pois espera! – rosnou ele para a ovelhinha preta. – Hei de fazer com que sejas vendida depois da tosquia.