A onda
PARTIR DO PATRIMÔNIO CULTURAL NEGRO: educação patrimonial da cultura afro-brasileira e os(as) intelectuais negros
(as)
Ana Paula dos Santos Gomes1
Introdução
No mesmo sentido da educação libertadora, a educação das relações étnicoraciais visa à superação da educação bancária e consequentemente de qualquer educação que se pretenda dominadora, no sentido das ponderações de Freire
(1987), Fiori (1986), Dussel, (s.d.). Neste contexto, Ribeiro (1997) diz que trabalhar com o tema das relações raciais não significa diminuir a questão principal que é o direito humano, mas que o campo das relações raciais é um dos muitos espaços de discriminação, preconceito e dominação, e colocar-se nesse espaço particular é se comprometer com uma luta maior em favor dos direitos humanos.
Superar uma educação dominadora não é simples, principalmente quando pensamos a história do povo negro brasileiro, marcada pela opressão e exclusão.
A educação dominadora vem se processando a mais de quinhentos anos na história desse povo. Esse processo procurou e procura naturalizar a inferioridade dos africanos e seus descendentes. A esse respeito, Ribeiro (1997) explica que, no Brasil, o passado do afro-descendente é associado à escravidão. A este fato somaram-se, de acordo com Ribeiro (1997), representações negativas do africano e seus descendentes no imaginário coletivo e mais a ação conjunta e articulada da educação formal e informal da mídia, da literatura, entre outros agentes de criação e manutenção de estereótipos negativos.
Ao abordarmos o campo da educação formal como um dos espaços de criação e manutenção de estereótipos negativos dos africanos e seus descendentes, é oportuno lembrar a luta do Movimento Negro que dentre suas reivindicações e lutas, priorizava transformar a realidade de discriminação racial dentro das escolas. Silva
(1997) diz que entidades do Movimento Negro, preocupadas com a problemática racial no