A obsessão educacional
É inquestionável a importância que a educação exerce na formação das pessoas, sobretudo na qualificação do trabalhador (capital humano). Como também, é notória a calamidade atual da educação brasileira, mesmo assim, eleição após eleição, a distância que separa o falar do fazer parece ser cada vez maior no Brasil. Épocas, partidos e palanques diferentes, mas os políticos insistem em não traduzir seu discurso em prática efetiva.
Não o problema seja por conta de um complô das elites para manter o povo na ignorância ou por demagogia hipócrita de nossos políticos. O fato é que a solução é muito complexa e passa por uma revisão do orçamento da União, que reserva fatia expressiva para cobrir um déficit estrutural da Previdência. Em 1996, 16 milhões de beneficiários (setor privado) receberam R$ 42,6 bilhões em pensões, ao passo que 2,8 milhões de inativos (setor público) receberam R$ 46,1 bilhões (financiados em boa parte pelos cofres públicos). Assim a conta não fecha nunca, pois esse déficit (5% do PIB) é maior que os gastos do governo federal com o ensino de 1o e 2o grau (4,5% do PIB).
Diante desses números, poderia se supor que a situação é meramente técnica ou econômica e que o Brasil gasta muito pouco com a educação. O dinheiro pode estar sendo mal gasto. Três aspectos elucidam a questão: 1) boa fatia dos gastos é com o ensino superior - onde a maior parte dos estudantes provém de escolas particulares e teriam recursos próprios para estudar; 2) voragem predatória e criminosa com verbas da educação; 3) falta de um instrumento perfeito de avaliação e de diagnóstico dos principais problemas para que se possa investir com maior racionalidade. Portanto, uma melhoria enseja uma reavaliação desses itens, mas isso significa mexer com privilégios e corporativismos difíceis de serem derrubados. Vê-se claramente que o entrave não é apenas econômico, mas também político.
Além disso, a falta de planejamento familiar,