A notícia líquida na nova ecologia midiática
Artigo apresentado no SBPJor, 2011.
A notícia líquida na nova ecologia midiática
Anelise Rublescki1
Resumo: O artigo repensa o próprio conceito de notícia na sociedade líquida, convergente e midiatizada. Evidencia que a nova ecologia midiática desequilibra o clássico binômio produção-recepção de notícias verticalmente mediadas por jornalistas e transfere a tônica para a circulação. Já não basta publicar: as notícias precisam ser filtradas pelos interagentes, reelaboradas, recomendadas para as redes sociais das plataformas digitais. Ao longo do processo, a notícia adquire um duplo estatuto: o enunciado no seu local de postagem inicial e os fluxos que se estabelecem entre os plurais espaços que se inserem no circuito da notícia online. O somatório desses fluxos resulta na caracterização da notícia líquida. Metodologicamente, trata-se de um trabalho de cunho teórico-analítico, a partir de revisão da literatura.
Palavras-chave: jornalismo; notícia; notícia líquida; webnotícia
1. Introdução
Mutável como o próprio Jornalismo, o conceito de notícia mudou ao longo das sucessivas configurações da sociedade. Nem poderia ser de outra forma, posto que o jornalismo é uma prática sócio-cultural; portanto, sempre datada. Na sociedade atual, que gradualmente se digitaliza, converge e se amalgama em rede, entre outras tantas alterações que cercam as notícias2, observa-se que, pela primeira vez, interagentes passam a ter realmente meios pessoais para disponibilização de conteúdo e ampliação da visibilidade das notícias. Assim como o leitor, também as fontes, pilar central das estratégias de credibilidade do jornalismo hegemônico, são cada vez menos uma instância fixa. Todos podem ser emissores, leitores e fontes, de acordo com o momento, com a visibilidade da mídia que utiliza, com a rede de seguidores que possui.
No caso das empresas midiáticas, especialmente em situações de emergências e catástrofes naturais, os próprios