A MINHA OU A NOSSA ESCOLA
O papel da escola se intensifica ao entendermos que ela é de todos da mesma forma que pertencemos a ela
Terezinha Azerêdo Rios
Minha escola. É assim que, geralmente, os gestores se referem à instituição que dirigem. A posse implícita na expressão parece semelhante à que indica de quem é a toalhinha de crochê que se encontra sobre o arquivo ou o porta-retrato com fotos da família.
Da mesma forma, são comuns as expressões "meus professores", "meus alunos", "meus funcionários". Podemos até imaginar que esse é um jeito de demonstrar devoção ao cargo. Sem tirar o mérito do zelo profissional, é preciso apontar o risco de considerar a escola - e o que ela abriga - como um domínio particular.
A expressão popular "cuido disso como se fosse meu" traz a impresão de que se tem mais consideração - ou simplesmente mais cuidado - com algo que nos pertence. E ainda: que a propriedade privada tem mais importância que a pública. Basta lançar um olhar à nossa volta para ver o descaso com que os espaços de uso comum são tratados, fato que reforça uma crença equivocada segundo a qual "o que é de todos não é de ninguém".
Aprendemos que os adjetivos possessivos indicam propriedade: minha blusa, seu livro, nossa casa. Esse sentido se aplica bem para coisas. Entretanto, há outro significado quando dizemos: "Minha mãe, seu amigo, nosso time". Ao nos referirmos à pessoa e à instituição, a relação que se estabelece não é a de posse, mas de um sentimento duplo: sou dela da mesma forma que ela é minha. O que expressamos é uma ideia de pertencimento: minha família, nosso país.
Escola - espaço que não é só físico e se constitui de tantos elementos complexos dos quais ninguém tem a posse e com os quais devemos estabelecer uma relação de convivência e de trabalho. Por isso o gestor precisa cuidar para que as ações não sejam de caráter possessivo.
Pode-se pensar que essa reflexão só tem validade para as escolas públicas, uma vez que, do ponto de vista formal, os