A Mineração de areia e os impactos ambientais na bacia do rio São João, RJ
Flávia Lopes Oliveira & Edson Farias Mello
37(2):374-389, junho de 2007
A mineração de areia e os impactos ambientais na bacia do rio São João, RJ
Flávia Lopes Oliveira1 & Edson Farias Mello2
Resumo A bacia do rio São João, localizada no sudeste do estado Rio de Janeiro, vem sofrendo diversas intervenções antrópicas ao longo dos anos. Entre as décadas de 50 e 80, o rio São João e alguns dos seus afluentes foram submetidos a diversas obras de retificação. Esta ação provocou a intensificação do fluxo hidráulico, resultando no aumento do transporte e deposição de areia, favorecendo assim a instalação de areais. A atividade de mineração, embora proporcionando o desassoreamento da calha fluvial, foi praticada sem estudos prévios e sem monitoramento, o que gerou conflitos de ordem locacional, motivando a avaliação dos impactos ambientais decorrentes da extração de areia. Assim, este estudo teve como objetivo maior, avaliar a interferência da atividade de mineração na dinâmica fluvial do rio São João, a luz de outras formas de ocupação e uso do solo.
Através de seções transversais ao rio, nos portos de areia, verificou-se uma grande disponibilidade de sedimentos, com rápidas reposições das áreas lavradas. A análise dos mapas de uso e ocupação do solo da bacia, de três épocas distintas (1984, 1994 e 2000), permitiu identificar parte da proveniência dos sedimentos. O aumento das áreas devastadas devido ao intenso uso rural, deve ter proporcionado a aceleração da erosão laminar do solo, resultando no aumento da carga sedimentar do rio. Conclui-se, que a qualidade ambiental na bacia do rio
São João encontra-se muito mais seriamente comprometida em função dos desequilíbrios causados pelas retificações dos canais fluviais e uso intenso do solo do que pela mineração de areia, que pode ser avaliada como de impacto ambiental secundário. Esta atividade pode até ser conduzida sem promover impactos ambientais adversos se forem