a metamorfose
Nota-se que o aspecto mais evidente dessa narrativa de Kafka é que começa na fase da complicação (ou in media res), uma vez que introduz o leitor no meio da história em vez de no início, saltando a exposição dos fatos iniciais que levaram a transformação do protagonista. Pode-se perceber ainda dois momentos em que a história apresenta conflito (complicação): primeiro o momento em que Gregor Samsa acorda e percebe que foi transformado num inseto e como ele lida com isso.
O segundo conflito surge quando o inseto nota que objetos pessoais que fazem parte de sua memória humana estão sendo retirados de seu quarto, local este em que passara maior parte de sua vida. Ao agarrar-se a um quadro na parede de seu quarto (que foi comprado por Gregor no início do conto, como explicita o narrador), sua mãe se assusta, o que acarreta na decisão de seu pai de arremessar um pedaço de maçã em seu casco grosso de inseto e que culmina em sua morte e o desfecho do conto.
Neste conto o foco narrativo adotado pelo autor é o do “narrador onisciente”, uma vez que este sabe tudo a respeito das personagens, inclusive o que elas sentem e pensam, mesmo quando não é dito, o que pode ser observado na presença de verbos de elocução como “pensar”, utilizado várias vezes, o qual não caberia a um suposto narrador em terceira pessoa objetiva ou subjetiva, visto que estes são focos narrativos distintos do narrador onisciente.
No discurso da tradução brasileira referenciada de A Metamorfose é