ambiental
João Pedro da Ponte
Universidade de Lisboa
Falar de formação é um terrível desafio. Em primeiro lugar, porque a formação é um mundo onde se inclui a formação inicial, contínua e especializada, onde é preciso considerar os modelos, teorias, e investigação empírica sobre a formação, analisar a legislação e a regulamentação e, o que não é de menor importância, estudar as práticas reais dos actores e das instituições no terreno e as suas experiências inovadoras. Em segundo lugar, porque a formação é um campo de luta ideológica e política. Não há grupo com interesses na educação que não tenha as suas posições a defender, e fá-lo com todo o à-vontade e, às vezes, com grande agressividade. E, em terceiro lugar, porque a formação é um daqueles domínios em que todos se sentem à vontade para emitir opiniões, de onde resulta a estranha impressão que nunca se avança. Na verdade, um significativo trabalho de reflexão e de investigação tem sido feito (tanto no estrangeiro como no nosso país) em torno da figura e do trabalho do professor, permitindo-nos ir além do senso comum. Com esse objectivo, abordarei alguns conceitos fundamentais relativos ao que o professor tem de saber, ao que ele é, e ao modo como se forma como profissional. Começarei procurando situar a questão numa perspectiva histórica: terá mudado algo nos últimos anos no modo como encaramos a formação?
1. O passado e o presente
De que falamos quando falamos em formação?
Em 1982, numa comunicação que elaborei em conjunto com Paulo Abrantes (Abrantes e Ponte, 1982), o centro das atenções estava na formação inicial. Falávamos da carência de professores profissionalizados de Matemática, da preparação científica, pedagógica e prática proporcionada por diversas instituições e sistemas de formação (em especial os Ramos Educacionais das Faculdades de Ciências e a Formação em Exercício). Mas falávamos também da formação contínua, contrastando duas