A lição de salazar
Para assinalar os dez anos de governo de Salazar, é editada, em 1938, uma série de sete cartazes intitulada “A Lição de Salazar”, distribuída por todas as escolas primárias do país. Estes cartazes faziam parte de uma estratégia de inculcação de valores por parte do Estado Novo, destinando-se a glorificar a obra feita até então pelo ditador, desde o campo económico-financeiro às obras públicas. Durante muitos anos, estes cartazes didácticos foram utilizados como forma de transmitir uma ideia central: a superioridade de um Estado forte e autoritário sobre os regimes demoliberais. Para acentuar a importância do Estado Novo enquanto garante da ordem e progresso do país, os cartazes fazem uma comparação sistemática entre a obra do regime salazarista e a 1ª República: à desorganização económica e financeira e ao alheamento do Estado democrático e liberal republicano face aos problemas do país, sucede a organização financeira, a melhoria das vias de comunicação, a construção de portos, o ordenamento e progresso social promovidos pelo Estado Novo. Os cartazes acentuam esta ideia a partir de uma imagem cinzenta e triste da época da 1ª República, enquanto que o “depois” da obra salazarista nos aparece colorido, organizado, moderno. Um dos grandes problemas enfrentados pela 1ª República foi a desorganização financeira, que
se traduziu num permanente défice das contas públicas que, por sua vez, é acompanhado por uma inflação elevada, subida generalizada dos preços e diminuição das salários reais, o que acarreta uma grande subida do custo de vida. Será, aliás, motivado por esse défice constante o convite endereçado a Salazar pelo governo da Ditadura Militar, para ocupar a pasta das Finanças. A sua política financeira, controlando com mão de ferro todos os gastos dos vários Ministérios, aumentando os impostos e cortando nas despesas públicas, permite equilibrar as contas públicas, valendo-lhe o epíteto de “Salvador da Pátria” e está na base do convite que