a lampada da memoria 1
John Ruskin
I. Entre as horas da minha vida, que recordo com particular gratidão, porque foram marcadas por uma alegria plena e por uma clareza de ensinamentos (jUt’ vão muito alem tio comum, existe uma transcorrida ha alguns anos, por volta da hora do crepúsculo, entre as clareiras de uma floresta de pinheiros, que margeiam o curso do Rio
Am, acima da cidade de Champagnole, em Jura. Trata-se dc um lugar que tem toda a solenidade, sem ter porém o aspecto selvagem dos
Alpes, onde há um sentido de uma grande potência começando a manifestar-se na terra e de uma profunda e majestosa harmonia no gradual elevar-se dos recortes das colinas cobertas de pinheiros. São os e timidos acordes tles.sa poderosa sinfonia de montanhas, ttie dai a pouco se elevarão com voz possante irrompendo seivageni ao longo das cristas doa Alpes.’ ‘lodavia, sua força é contida, e os cumes daquelas montanhas cobertas de pastos, que se estendem na distAncia, sucedem-se um após o outro, como o longo e ritmado movimento das ondas que embala as águas quietas das margens e alcança, ao longe, o mar em tempestade, E há uma profunda delicadeza a dominar aquela vasta monotonia, a mesma que desmente a força destrutiva e a severa expressão (lUe exala das cadeias montanhosas ao fundo. No existem sulcos secos e arados pelo gelo da antiga geleira a violar a mítica doçura dos pastos do Jura, nem amontoados de ruinas destroçadas a conturbar as belas formulações de suas florestas, nem nos turvos, contaminados‘ou impetuosos, a imisculrem.se entre as rochas com o seu veemente e caprichoso curso. CaLmamente, um redemoinho após outro, aqueles riachos de um verde límpido seguem o bem conhecido curso dos seus leitos habituais. Sob a sombra daqueles quietos pinheiros, ano apist ano, brota um alegre cortejo dc flores (lue eu não conheço igual cutre od.ts as bênçãos tia terra. 1ra primavera alem do mais, e todas aquelas flores cresciam em ramos amorosamente entrelaçados. [Cria havido espaço