A Ladeira Escorregadia A bioética é uma perspectiva relativamente nova e não é o que vem guiando a profissão médica, mas sim os ensinamentos de Hipócrates. Entretanto, desde a Segunda Guerra Mundial, os médicos vêm reconsiderando criticamente os fundamentos da moralidade de suas profissões. O afastamento do hipocratismo é particularizado com a cruel experiência do nazismo. Por isso, surge o Código de Nüremberg, que trata de princípios que deveriam ser respeitados quando da participação de seres humanos em experimentos científicos. Ele inicia afirmando que o “consentimento livre da pessoa humana é absolutamente essencial a toda pesquisa”. Sendo anterior à Declaração dos Direitos do Homem (1948), no mesmo ano e na mesma cidade, a Associação Médica Mundial aprova a Declaração de Genebra, como uma reafirmação do Juramento de Hipócrates. A partir da Declaração de Genebra houve um redirecionamento da moral hipocrática pois surge num contexto em que a moral interna à medicina não pôde mais se sustentar sem refletir e acompanhar a crítica e o desenvolvimento moral da própria humanidade. Essa exigência externa passou a ter implicações internas. Nenhum médico jamais poderia deixar de refletir sobre as consequências morais de seus atos após a revelação feita ao mundo dos experimentos praticados pelos médicos sob o nazismo. Principalmente porque muitas dessas práticas já vinham ocorrendo antes do advento da guerra; não somente na Alemanha. Ou seja, não era somente na Alemanha que havia tratamento desumano de doentes mentais, deficientes físicos e indivíduos de outras raças e credos. A medicina sofria um processo ampliado de degeneração moral. Muitos dos experimentos acontecidos ao longo do período nazista na Alemanha jamais poderiam ser realizados em algum país com a aprovação da comunidade médica. Mas nesse período, na Alemanha era muito natural aos médicos. Isso porque, a medicina, assim como qualquer outra profissão é intimamente