A Internacionaliza O Da Amaz Nia
Cristovam Buarque
A partir dos anos 1970, o planeta deixou de ser um conceito abstrato apenas dos geógrafos e astrônomos e começou adquirir uma dimensão concreta para os cientistas sociais.
Três avanços científicos contribuíram para isso:
- o conhecimento e o acúmulo de dados estatísticos em escala mundial;
- o desenvolvimento de métodos matemáticos de funções com múltiplas variáveis e altas complexiblilidade;
- a disponibilidade de equipamentos o processamento de cálculos complexos.
A foto do planeta visto do espaço, feita pelos tripulantes da nave Apolo
VIII e publicada em todos os jornais, completou o sentimento palpável da Terra como entidade concreta, real, perceptível visualmente.
Já no final do século XX, os sentimentos planetários cresceram com a globalização da economia, a derrubada das fronteiras econômicas, a revolução científica que criou a instantaneidade das informações em escala global, a consolidação de mega-empresas donas do planeta, a unificação universal da cultura ocidental, a vulnerabilidade internacional diante de riscos com armas de destruição em massa, inclusive em mãos de terroristas, as inter-relações entre os fatos e as redes ao longo do planeta.
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No começo do século XXI a descoberta do planeta se consolidou com a percepção física do aquecimento global, graças ao comportamento atípico do clima e a gestos retóricos como o filme "Uma Verdade Inconveniente", de Al
Gore.
O século XXI é o século planetário. A Terra virou a nação de cada ser humano. Mas o planeta está refém. Prisioneiro da política nacional de curto prazo, do avanço técnico e científico sem controle ético, da necessidade de sobrevivência dos bilhões de pobres que recebem poucos dólares e da ganância dos poucos ricos que dispõem de bilhões de dólares, do fundamentalismo tanto de teóricos da economia e da tecnologia quanto de terroristas religiosos ou políticos, de redes virtuais fora de controle, de máfias de piratas e traficantes.
Apesar da