A insercao internacional do brasil

1 A INSERÇÃO INTERNACIONAL DO BRASIL À LUZ DA TEORIA DA INTERDEPENDÊNCIA COMPLEXA INTRODUÇÃO Há, nas Relações Internacionais, um longo debate metodológico que busca encontrar a forma mais adequada de compreender o relacionamento entre os Estados. As duas principais vertentes dessa divergência envolvem, de um lado, os defensores da história como meio de analisar as relações internacionais e, de outro, os teóricos das Relações Internacionais, que entendem que a construção de modelos analítico-conceituais pode propiciar explicações adequadas acerca do comportamento dos países. Esse debate, todavia, tem sido superado por visões que associam teoria e história, pelo estudo de um grande número de “fatos”, combinados a partir de molduras teóricas, conforme propõe Ngaire Woods (1996). Com base em estudos que defendem essa possibilidade, como o já citado e o de Torbjorn Knusten (1997), discute-se, nesse artigo, o conteúdo da obra “Inserção Internacional: formação dos conceitos brasileiros”, de Amado Luiz Cervo (2008), a partir da associação dos conceitos apresentados pelo autor, que embasam a formulação da política externa brasileira, com conceitos desenvolvidos pela teoria das Relações Internacionais e, mais especificamente, pela proposta de Robert Keohane e Joseph Nye, apresentada na obra “Power and Interdependence”. Entende-se que a obra de Cervo é essencial para que o processo de formulação das decisões da política externa brasileira seja compreendido: trata-se de uma teoria baseada na história, que concebe a tomada de decisão como fruto de cálculos estratégicos de meios, fins e riscos, que não podem ser explicadas pelas teorias mais difundidas de Relações Internacionais:
As teorias tendem à abstração, como, aliás, todo conhecimento científico, e adquirem, pela via da generalização, alcance universal. Em vez de revelar consistência e realizar os dois objetivos a que se propõe – produzir inteligibilidade e inspirar a decisão –, a pretensão universal constitui uma