A infância passada na guerra:
Em décadas diferentes e regiões distantes, Albino Forquilha e Samuel Zombo viveram ambos infâncias com uma narrativa semelhante à de muitas crianças em zonas de conflito: foram crianças-soldado.
Durante toda a História mundial, há inúmeros exemplos do uso de crianças em conflitos armados, seja propositadamente ou pela força das circunstâncias. Aliás, a condenação explícita e global da participação ativa de crianças em conflitos guerras é bastante recente. Só em 1989 foi assinada a Convenção sobre os Direitos da Criança, onde se pode ler que: “os Estados Partes devem tomar todas as medidas possíveis na prática para garantir que nenhuma criança com menos de 15 anos participe directamente nas hostilidades”.
Tanto Angola como Moçambique ratificaram o documento em 1990. No início dos anos 90, ambos os países ainda viviam guerras civis. Conflitos que começaram logo após a independência, e logo depois do final da guerra colonial, ou guerra de libertação.
Albino Forquila lidera a Força Moçambicana para a Investigação de Crimes e Reinserção Social
A história de Albino Forquilha, passou-se cerca de uma década antes da convenção sobre os direitos da criança. Hoje com 45 anos, Albino nasceu em Gondola, na província de Manica. Fez a quarta classe junto da família, até ser transferido para uma escola secundária junto à fronteira com o Zimbabué. Com apenas 12 anos, foi recrutado como criança-soldado.
“Vivíamos num ambiente de guerra: junto da minha escola, muitas vezes tivemos que fugir, e fomos treinados, também, na altura com cerca de doze anos, para podermos defender a nossa escola. Numa das vezes em que me deslocava para ir de férias ver a minha família, fui recrutado com mais três amigos pela RENAMO”, recorda. Para Albino e os seus colegas, resistir não era uma opção: “quando se fosse recrutado, não se podia resistir, porque a RENAMO podia matar-te no local mesmo”.
Depois de dias de caminhada e