A influência da religião na política
O Brasil tem vivido um período de intenso confronto entre os interesses do nicho eleitoral cristão/evangélico e, basicamente, todo o resto da população. A escolha do deputado federal Marco Feliciano para a presidência da Comissão de Direitos Humanos da Câmara foi um dos fatos mais controversos dos últimos tempos na política brasileira, o que gerou muitos protestos.
Isso reflete o tamanho do poder que a religião tem sobre a política no Brasil. O missionário R. R. Soares, pastor presidente da Igreja Internacional da Graça de Deus, por exemplo, nunca se candidatou. Mas, devido ao uso de seu nome em campanhas eleitorais, está para eleger seu quarto filho, Daniel Soares, em um mandato para a câmara de vereadores de Guarulhos. André Soares é atualmente deputado estadual de São Paulo, David Soares é vereador do Rio de Janeiro e Marcos Soares é deputado estadual do Rio Janeiro. Em suas propagandas no horário político, os filhos do missionário não apresentam propostas. Apenas dizem que são filhos do missionário e colocam a imagem do pai, conhecido por seu programa de TV (Show da Fé), ao seu lado.
Durante essa semana pudemos ver a candidata à presidência, Marina Silva (PSB), ascender rumo ao topo das pesquisas eleitorais. Porém, ontem, quando o pastor Silas Malafaia a criticou em seu twitter por conta da divulgação do apoio ao casamento gay em seu projeto de governo, a assessoria de Marina se apressou a dar conta do assunto como uma falha processual. Afinal, se o povo cristão fosse informado em sua totalidade do dito "apoio da candidata ao homossexualismo", ela despencaria, perdendo a chance de se eleger.
Analisando a população brasileira (O IBGE estima que 86,8% são cristãos. Entre católicos, evangélicos e espíritas), é inevitável que a religião exerça tamanha influência sobre a política e inevitável também que os políticos muitas vezes tenham de alterar suas propostas para satisfazer esse nicho de maior expressão em nossa