A INDUSTRIALIZAÇÂO BRASILEIRA
Marcelo AlonsoAté o início do século XX, a economia brasileira era baseada na exportação de produtos agrícolas, quando a cafeicultura, destinada à exportação, era a principal atividade econômica do país. A maioria dos bens de consumo necessários ao país eram importados da Europa e dos Estados Unidos. A atividade industrial no Brasil era pouco desenvolvida, limitando-se a algumas indústrias de bens de consumo não duráveis que empregavam pouca tecnologia, como a indústria têxtil e de alimentos.
As raízes para o atraso no desenvolvimento industrial brasileiro em relação àqueles países pioneiros nesta atividade, que passaram pela primeira revolução industrial ainda no século XVIII estão no tipo de colonização imposto ao Brasil pela sua metrópole. Até o século XVIII e o início do XIX, o Brasil permaneceu atado aos interesses da metrópole como uma área de exploração, sofrendo, entre outras imposições, barreiras ao nosso desenvolvimento industrial. Com a vinda da família real para o Brasil, em 1808, o regente D. João deu nova orientação às questões ligadas à atividade industrial. Em abril daquele ano, revogou o Alvará de 17851 e, no seguinte, concedeu isenção de direitos aduaneiros às matérias-primas necessárias às fábricas. Mas, em vista da concorrência dos produtos ingleses e dos obstáculos colocados pelos grandes proprietários rurais, nosso desenvolvimento industrial foi bastante modesto até por volta de 1850, quase três décadas após a independência formal do país.
Outras razões mais importantes mantiveram o Brasil nesse quadro de fraco desempenho industrial:
• a permanência, ainda na segunda metade do século XIX, das relações escravagistas de trabalho;
• o pequeno mercado interno, determinado pela baixa densidade populacional e pelo predomínio da mão de obra escrava que, nessa condição, não tinha poder aquisitivo;
• um Estado alheio à industrialização, desprovido do propósito de inserir o país no