A INCLUSÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA BIOÉTICA
Texto: A INCLUSÃO SOCIAL NO CONTEXTO DA BIOÉTICA * Volnei Garrafa **
Duas são as razões básicas para essa resistência. Em primeiro lugar, o preciosismo acadêmico de alguns estudiosos da área que, utilizando a lógica formal e assépticas argumentações teóricas, tentam desqualificar o academicismo do debate social da bioética, afirmando que a temática política, que inclui temas da saúde pública e coletiva, como a inclusão social e outros, está fora do escopo epistemológico da disciplina, constituindo na realidade outra área, que denominam de “biopolítica” (KOTTOW, 2005).
E, em segundo lugar, o conservadorismo ou estreiteza política de certos pesquisadores da área que, com argumentos frágeis, criticam aqueles que tentam transportar as discussões sobre os conflitos éticos relacionados à vida das pessoas para o campo onde verdadeiramente se dão as grandes decisões que alijam ou incluem indivíduos como beneficiários do desenvolvimento científico e tecnológico, ou seja, a seara das decisões políticas. Disfarçados sob as vestes do vazio ideológico deixado pela modernidade tardia (ou pós-modernidade, se preferirem os leitores...), com outra linguagem, ressuscitam uma superada contradição fortemente constatada na América Latina dos anos 60 e 70 do século passado. Naqueles tempos, notáveis sanitaristas como Juan Cesar Garcia, Cecília Donângelo e Sergio Arouca, entre outros, tiveram que empreender heróica resistência às ditaduras militares plantadas no continente para – na sua área de trabalho - combater e transformar os estreitos referenciais da antiga medicina social e os conteúdos preventivistas em moda na época, com a construção concreta de pautas socialmente comprometidas com a essência democrática e inclusiva da saúde pública e coletiva.
A bioética social, para ser concretamente efetiva, além de disposição, persistência e preparo acadêmico, exige uma espécie de