A importância das controvérsias geológicas no ensino da geologia: exemplo do modelo fixista à tectônica de placas
Joil José Celino*
Osmário Rezende Leite*
*Professores do Departamento de Geologia e Geofísica Aplicada -IGEO-UFBA e do Mestrado em
Ensino, Filosofia e História das Ciências - IF-UFBA
INTRODUÇÃO
A Teoria da Tectônica de Placas, desenvolvida nos anos 60, sustenta que as maiores feições da superfície da Terra são criadas por movimentos horizontais da litosfera. Tal teoria se destaca pela sua simplicidade, elegância e habilidade para explicar uma enorme gama de observações, tendo sido rapidamente aceita (SENGOR,
1990). Já em 1971, um autor de um livro de Geologia Introdutória afirmava:
Durante a última década, houve uma revolução nas Ciências da Terra, que resultou na aceitação de que os continentes se movimentam sobre a superfície da Terra e que o assoalho oceânico se “espalha”, sendo continuamente criado e destruído.
Finalmente, nos últimos dois ou três anos, culminou com o aparecimento de uma teoria global, conhecida como “Tectônica de Placas”. O sucesso desta teoria se deu porque ela explica as evidências geofísicas e apresenta um modelo no qual se encaixam dados geológicos acumulados durante os últimos 200 anos. Além disso conduziu as ciências da Terra até um estágio onde ela não apenas explica o que aconteceu no passado, mas também o que está acontecendo no presente, o que acontecerá no futuro.
No entanto, no início do século XX, cerca de 40 anos antes da Tectônica de Placas, uma teoria semelhante foi rejeitada pela comunidade geológica. Em 1912, o meteorologista e geofísica alemão Alfred Wegener propôs a mobilidade dos continentes, antecipando muitos dos pontos essenciais da Tectônica de Placas. Suas idéias foram reunidas na “Teoria da Deriva Continental” e publicadas em 1915, no seu livro “The Origin of Continents and Oceans”. Na Inglaterra, as idéias de Wegener conquistaram alguns adeptos, mas nos Estados Unidos ela foi