A imagem do ensino da arte: anos 80 e novos tempos cap. 1 e 2
Barbosa, Ana Mae. “A IMAGEM DO ENSINO DA ARTE: anos 80 e novos tempos”. Perspectiva, São Paulo, 1994.
“A partir de 1986, o Conselho Federal de Educação condenou a arte ao ostracismo nas escolas.
Em novembro daquele ano aprovaram a reformulação do núcleo comum para os currículos das escolas de 1º e 2º graus, determinando como matérias básicas: português, estudos sociais, ciências e matemática. Eliminaram a área de comunicação e expressão. Que aconteceu com educação artística que pertencia àquela área? Passou a constar de um parágrafo onde se diz que também se exige educação artística no currículo.
Que contradição! Arte não é básico na educação mas é exigida. O que aconteceu de 1986 para cá é que a grande maioria das escolas particulares eliminaram as artes. Menos um professor para pagar! Estas escolas estão protegidas pela ambiguidade do texto redigido e aprovado pelo CFE, órgão dominado pela empresa privada de ensino. Não é básico mas se exige. A importância da arte na escola foi dissolvida por esta ambiguidade.
Aliás, o ano de 1986 foi especialmente danoso para o ensino das artes no Brasil. Ainda em julho de 1986, em um Encontro de Secretários de Educação do Rio Grande do Sul, o Secretário de Educação de Rondônia propôs a extinção da educação artística do currículo, o que foi aprovado pela maioria dos secretários presentes.
Espanta-me o desconhecimento a respeito de educação e da economia do país contido nesta decisão.
Será que eles, os secretários de educação e os membros do CFE, não sabiam que a área de artes gera grande número de empregos no país? Aliás no Canadá a indústria das artes desde 1982 vem sendo a que produz maior número de empregos em tempo integral (234 280) e ocupa o nono lugar na produção de renda para o país, significado 2,5% do PNB.
O que seria arte para estes senhores e senhoras? Somente quadros para pendurar na parede? Somente concertos em Campos de Jordão?
A roupa que vestem é produto de desenho, o tecido de suas