A hora de mudar
Todas as empresas passam por mudanças para sobreviver. O desafio é descobrir quando e como fazê-las
O laboratório, o Aché se tornou o maior laboratório de capital nacional. O Espírito Santo empreendedor do trio garantia o crescimento da receita e do lucro ano após ano. Mas a trajetória de sucesso começou a sofrer solavancos na década de 90. Primeiro, a lei de Patentes proibiu a cópia de medicamentos sem licença – modelo no qual o Aché se apoiava. Logo depois vieram os genéricos e a política de controle de preços. O Ache começou antão a perder o prumo, movimento visível sob forma de prejuízo. Em 2000 registrou o primeiro prejuízo de sua história: 3,3 milhões de reais. Só havia uma saída -- mudar. Desde o inicio de 2003, uma guinada gigantesca vem sendo comandada pelo executivo paulista Eloi Bosio. A ele coube profissionalizar a gestão, elaborar um plano estratégico formal, organizar a área de pesquisa e desenvolvimento e, sobretudo, disseminar na companhia o gosto por bons resultados, Aos poucos, a zona de conforto do passado foi ficando para trás. No ano passado, o Aché teve lucro de 32 milhões de reais. Com ânimos apaziguados e dinheiro em caixa, o Ache anunciou em outubro passado a compra do laboratório Biosintética. O caso do Ache ilustra com perfeição um dos maiores desafios enfrentados pelas empresas: mudar. Trata-se de uma corrida cruel, em que novos produtos ficam obsoletos em questão de meses, competidores asiáticos brigam por espaço com apetite voraz e custos baixíssimos, e a tênue fronteira entre concorrentes tradicionais e novatos põe em xeque modelos de negócios por muito tempo imbatíveis. Nem mesmo Bill Gates, fundador da Microsoft e homem mais rico do planeta, está imune ás requentadas. Cinco anos atrás, ninguém poderia imaginar que Gates um dia teria como principal ameaça o Google, uma empresa que nasceu no final dos anos 90 como resultado de um projeto acadêmico e se transformou num colosso avaliado em 120 bilhões de