A HIST RIA DAS COISAS
José Lourenço T. de Alexandria, P1 manhã.
O documentário “Ilha das Flores”, de Jorge Furtado produzido em 1989, é uma explicação de toda desvalorização a que foi submetida o ser humano, por mais racional que este seja. Caracterização da mecânica da sociedade de consumo. Acompanhando o trajeto de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora no lixo, o curta mostra o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no processo. A lamentável condição dos habitantes da Ilha das Flores deixa as pessoas comovidas. A ideia do filme é mostrar o absurdo desta situação. Seres humanos que, numa escala de prioridade, estão depois dos porcos. Mulheres e crianças que, num tempo determinado de cinco minutos, garantem na sobra dos porcos, que por sua vez, alimentam-se da sobra de outros seres humanos com condições financeiras de escolher o alimento sua alimentação diária.
A obra Ilha das Flores é rica em informações reais, e ao mesmo tempo, segue a trajetória fictícia de um tomate: plantado, colhido, vendido a um supermercado, comprado por uma dona-de-casa, rejeitado na hora de fazer um molho para o almoço, jogado no lixo, levado para a Ilha das Flores, rejeitado pelos porcos, e finalmente, encontrado por uma criança com fome.
A desigualdade social e toda perversidade de um sistema são provocadas justamente por seres humanos que procuram viver em seus casulos de forma e egoísta, fingindo não ver a realidade da exploração do homem sobre o homem, esquecendo-se da solidariedade e afeto entre seus semelhantes. Infelizmente, explorar a miséria humana faz parte desse sistema. Uma prova disso é que o diretor não precisava ir tão longe para ver a crueldade e a miséria do homem, bastava colocar uma câmera em sua janela de casa. A capacidade criativa e o decorrente progresso são conjugados com os diversos aspectos que envolvem a vida em sociedade. O lixo é capaz de unir- e não separar como normalmente – a “parte limpa” com a “parte suja”