A Hist Ria Da Arte Gombrich
212808 palavras
852 páginas
Introduo Sobre Artes e Artistas UMA COISA QUE realmente no existe aquilo a que se d o nome de Arte. Existem somente artistas. Outrora, eram homens que apanhavam terra colorida e modelavam toscamente as formas de um biso na parede de uma caverna hoje, alguns compram suas tintas e desenham cartazes para os tapumes eles faziam e fazem muitas outras coisas. No prejudica ningum chamar a todas essas atividades arte, desde que conservemos em mente que tal palavra pode significar coisas muito diferentes, em tempos e lugares diferentes, e que Arte com A maisculo no existe. Na verdade, Arte com A maisculo passou a ser algo de um bicho-papo e de um fetiche. Podemos esmagar um artista dizendo-lhe que o que ele acaba de fazer pode ser muito bom no seu gnero, s que no Arte. E podemos desconcertar qualquer pessoa que esteja contemplando com prazer um quadro, declarando que aquilo de que ela gosta no Arte, mas algo muito diferente. Na realidade, no penso que existam quaisquer razes erradas para se gostar de um quadro ou de uma escultura. Algum pode gostar de uma paisagem porque ela lhe recorda seu bero natal, ou de um retrato porque lhe lembra um amigo. Nada h de errado nisso. Todos ns, quando vemos um quadro, estamos fadados a recordar mil e uma coisas que influenciam o nosso agrado ou desagrado. Na medida em que essas lembranas nos ajudam a fruir do que vemos, no temos por que nos preocupar. Somente quando alguma recordao irrelevante nos torna parciais e preconceituosos, quando instintivamente voltamos as costas a um quadro magnfico de uma cena alpina porque no gostamos de praticar o alpinismo, que devemos perscrutar o nosso ntimo para desvendar as razes da averso que estraga um prazer que de outro modo poderamos ter. H razes erradas para no se gostar de uma obra de arte. 1. (esquerda) RUBENS Retraio de seu filho Nicholas. Desenhado por volta de 1620. Viena, Albertina. 2. (direita) DRER Retrato de sua me. Desenhado em 1514. Berlim, Kupferstich-Kabinett (esquerda)