A globalização do capital
EICHENGREEN, Barry J. A globalização do capital: Uma história do sistema monetário internacional. São Paulo: Ed. 34, 2000, p. 23-74.
1. INTRODUÇÃO O sistema monetário internacional é a cola que mantém ligadas as economias dos diferentes países. Seu papel é dar ordem e estabilidade aos mercados cambiais, promover a eliminação de problemas de balanço de pagamentos e proporcionar acesso a créditos internacionais em caso de abalos desestruturadores. Indepedentemente do sistema monetário estar funcionando adequadamente ou não, é impossível compreender o funcionamento da economia internacional sem também compreender seu sistema monetário. Antes da Primeira Guerra Mundial, não existiam controles sobre as transações financeiras internacionais e os fluxos de capital internacionais alcançavam níveis elevados. O período entre as guerras mundiais assistiu ao colapso desse sistema, à imposição generalizada de controles de capital e ao declínio no movimento internacional de capitais. O quarto de século seguinte à Segunda Guerra Mundial (2ºGM) foi marcado pelo progressivo relaxamento dos controles e pela recuperação gradual dos fluxos financeiros internacionais. O período mais recente – a partir da década de 70 – assinala novamente uma fase de elevada mobilidade do capital. As taxas cambiais fixas foram viáveis no primeiro quarto de século após a 2ªGM em virtude da mobilidade limitada do capital financeiro, e a subsequente mudança para taxas flutuantes teria sido uma consequência inevitável dos crescentes fluxos de capital. De acordo com o sistema resultante do Acordo de Bretton Woods, que prevaleceu de 1945 até 1971, os controles afrouxaram as restrições sobre as políticas econômicas. Isso permitiu aos formuladores de política definir objetivos domésticos sem desestabilizar a taxa de câmbio. O afrouxamento dos controles proporcionou o alívio necessário para promover, controladamente, mudanças na taxa de câmbio. Mas a eficácia dos