A Geografia de Monteiro Lobato
Monteiro Lobato(1882-1948), ao longo de sua obra, tanto infantil quanto adulta, retratou os traços do Brasil e da sociedade brasileira. Desta forma é possível analisar através de seus trabalhos o que ele entendia por Geografia, principalmente a partir da análise de “Geografia de Dona Benta”.
Para o entendimento da visão de Geografia de Monteiro Lobato, se faz necessário localizá-lo temporalmente na história do Pensamento Geográfico
Brasileiro. Lobato nasceu em 1882, período que antecede em 50 anos a institucionalização da Geografia como ciência acadêmica no Brasil, e estudou no Colégio Kennedy, em Taubaté, colégio que era voltado à elite da época, que, de acordo com Campos (2007), tinha como objetivo estimular o nacionalismo patriótico brasileiro e manter a unidade territorial, sendo que isso era feito através de uma geografia descritiva e compartimentada, apoiada na obra de Corografia Brazílica, de Aires de Casal.
Monteiro Lobato terminou seus estudos no começo do século XX, na
Faculdade de Direito do Largo São Francisco, um período em que de acordo com Giaretta (2008), a comunidade científica brasileira buscava em teorias européias para promover o progresso do país. Depois de famoso, Lobato, em
1941, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, afirmou que recebera influências de grandes pensadores sendo alguns deles fundamentais na formação do Pensamento Geográfico como, por exemplo, Comte e Spencer.
Tendo em vista as influências temporais e intelectuais sofridas por
Monteiro Lobato, é possível observar que sua obra “Geografia de Dona Benta” busca abordar as diversas dimensões da Geografia como física, humana, econômica e política e, de acordo com Giaretta (2008), diferentemente dos demais materiais de didáticos de Geografia, Lobato não apresentava exclusivamente descrições com intuito de despertar o ideal de nacionalismo patriótico, ou seja, além das potencialidades