A Função da Arte Ernest Fischer
Segundo Ernest Fischer a arte concebida como “substantivo da vida”, a arte concebida como o meio de colocar o homem em estado de equilíbrio com o meio circundante – trata-se de uma ideia que contem o reconhecimento parcial da natureza da arte e da sua necessidade. A arte não só é necessária e tem sido necessária, mas igualmente que arte continuará sempre necessária. Como primeiro passo, é preciso advertir que tendemos a considerar natural (e aceitá-lo como tal) um fenômeno surpreendente. É claro que o homem quer ser mais do que ele mesmo. Quer ser um homem total. Não lhe basta ser indivíduo separado; além da parcialidade da sua vida individual, anseia por uma “plenitude” que sente e tenta alcançar, uma plenitude de vida que lhe é fraudada pela individualidade e todas as suas limitações; uma plenitude na direção da qual se orienta quando busca um mundo mais compreensível e mais justo, um mundo que tenha significação. A arte é o meio indispensável para a união do indivíduo com o todo reflete a infinita capacidade humana para a associação. Para a circulação de experiências e ideias. O trabalho para um artista é um processo ao fim do qual resulta a obra de arte como realidade dominada, e não – de modo algum – um estado de inspiração embriagante. Para conseguir ser um artista, é necessário dominar, controlar e transformar a experiência em memória, a memória em expressão, a matéria em forma. A arte não só precisa derivar de uma intensa experiência da realidade como precisa ser construída, precisa tomar forma através de objetivização. A obra de arte deve apoderar-se da plateia não através da identificação passiva, mas através de um apelo à razão que requeira ação e decisão, de maneira que o espectador seja levado a algo mais produtivo do que a mera observação, seja levado a pensar no curso da peça e incitado a formular um julgamento. A razão de ser da arte nunca permanece inteiramente a mesma, A função da arte, numa sociedade em que a luta