A Formação da cut
A crise da ditadura militar colocou em pauta uma completa reorganização dos sindicatos brasileiros, não apenas no sentido da renovação do aparelho dos sindicatos, mas também no da quebra do próprio regime político que vigorava desde o Estado Novo e da sua centralização nacional. A maior, mais moderna e mais concentrada classe operária de toda a América Latina desenvolveu-se com uma rapidez extraordinária. As primeiras greves do ABC de 1978 a 1980 quebraram o regime militar; em 1983 era formada a CUT em meio a uma crise sem precedentes do sindicalismo estatal; nos anos de 1983 a 1985 a classe operária, através dos seus sindicatos realizou a maior mobilização revolucionária que o proletariado já realizou no país até hoje. Embora o PT não tenha sido um partido operário em nenhum sentido da palavra, não pode haver dúvida de que a sua importância é um reflexo desfigurado das tendências próprias da classe operária à sua centralização política e o mesmo, com muito maior razão, se pode dizer da CUT.
As greves de 1985 fizeram aflorar, mesmo senão mais que isso, as tendências da classe operária à luta pelo poder do Estado e claras tendências sovietistas (formação de conselhos populares). Exemplo disso foi a formação no interior da CUT de uma oposição classista que chegou a conquistar praticamente 50% dos votos no Congresso do Rio de Janeiro em 1986 e muito próximo de ter ganhado o Congresso Estadual de São Paulo.
A CUT tornou-se o centro organizador das oposições sindicais anti-burocráticas que se transformaram no fator mais decisivo do ascenso operário, embora tenha sido num primeiro momento, uma iniciativa dominada pelos sindicatos burocráticos que haviam rompido apenas parcialmente com o velho peleguismo, pela pressão revolucionária das massas, expressando o movimento próprio da classe contra todas as variantes de burocracia sindical. As oposições estenderam-se a mais de três mil sindicatos em todo o país formando a base do que hoje são os 3.600