A essência da Universidade - CAAJA CAFCF

A essência da universidade
MIGUEL R. COVIAN. Faculdade de Medicina, Ribeirão Preto, SP
Quantos anos já de sida universitária? Se começo a contá-los a partir do meu ingresso na Faculdade de
Medicina de Buenos Aires, já vão para quarenta e tantos anos. Vida Universitária não significa ter passado todos esses anos nos claustros universitários. Por outra parte, os melhores anos de vida universitária não foram vividos na universidade. Isto parece um paradoxo e será esclarecido mais adiante. Falei de claustro universitário que traz à memória um ambiente físico, propicio para a meditação, reflexão, o entrar em si mesmo. Esta expressão, pelo menos em nossas universidades, está ficando obsoleta, pois, em geral, os atuais ambientes físicos propiciam bem mais a dispersão que a concentração. Mas, não deitemos a culpa nos ambientes físicos, já que estes são o reflexo do que se passa no interior do homem.
Curiosamente os melhores anos de vida universitária foram vividos extramuros da universidade.
Durante o primeiro governo de Perón, um grupo de professores, entre eles o Professor Houssay, foi expulso da universidade por ter manifestado publicamente, através de um abaixo-assinado, seu repúdio ao regime vigente. Agora acho esta medida congruente, pois nenhum totalitarismo admite contradição à sua doutrina. Nesse episódio aqueles professores agiram universitariamente, pois a universidade deve ser um centro de pensamento livre e polemista, de estudo de problemas importantes. se quer ser fiel à sua essência e beneficiar a sociedade. Um grupo de pessoas, muito menor do que se esperava, fez causa comum com seu mestre, renunciou a seus cargos e passou a instalar um centro de pesquisas, o
“Instituto de Biologia e Medicina Experimental”, numa casa de família pertencente aos Braun
Menendez. Ai se iniciou meu melhor período de vida universitária, fora do recinto da universidade.
Conta a história que os aspirantes a monges e, por conseguinte, à santidade, iniciavam sua