A escola e a leitura como prática social: um trabalho possível
*Ana Maria Gama Florencio
RESUMO: O artigo se propõe refletir a respeito da leitura como produção e transformação de sentidos - visão discursiva -, em acordo com uma concepção de texto como unidade aberta a novas significações. Essa visão discursiva, ancorada em teorizações da Análise do Discurso de linha francesa, oferece uma abertura para ressignificações, associações, transformações, mediante uma visão histórica da língua e do sujeito.
Esse trabalho norteia-se pela noção de leitura como um processo de produção de sentidos em constante movimento, numa prática discursiva em situação concreta de interlocução, a partir de uma visão de linguagem como opaca, não transparente, preferindo pensar como o texto significa e não o que ele significa, concebendo-o, assim, em sua discursividade.
Assim, nessa prática de leitura, considera-se a relação entre o que é dito em diferentes discursos, bem como do que é dito de um modo e do que é dito de outro modo, na direção do reconhecimento do não-dito no dito.
O trabalho com a leitura na escola vem sendo tema de muitas discussões e teorizações e, sabemos, a escola vem sendo criticada, interna e externamente, porque, na verdade, não tem conseguido formar alunos-leitores, apesar das diferentes metodologias a que vem recorrendo. Portanto, creio que uma questão que deve nortear nossa reflexão diz respeito à imagem que a escola tem do sujeito-leitor que ela pretende assistir, diante do sujeito-aluno que ela recebe. Estamos pensando em assistir e não formar, como tratávamos anteriormente o trabalho de leitura na escola, porque, ao pensarmos a leitura, não podemos deixar passar a idéia de que existe um leitor formado, nem um texto de sentido único, fechado, mas sim leitores e textos que também