A economia do Brasil no futuro
Guilherme Dias
Professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP Depois de um quarto de século muitos brasileiros voltam a falar com alguma convicção de uma nova fase de crescimento sustentado. Nossos netos poderão viver numa sociedade melhor dotada de recursos materiais e institucionais para gerenciar os seus conflitos.
Para todos aqueles que viveram os anos 50, parecia inverossímil supor que filhos e netos não poderiam aspirar a um futuro melhor do que seus pais; nesta última década muitos brasileiros chegaram aos 60 anos de idade vendo com amargura uma realidade diferente. A modernidade está presente nos telefones celulares, no uso da informática nas escolas e nos negócios, mas a expectativa de um emprego melhor e de que o primeiro emprego possa ser o início de uma carreira profissional desapareceu do cotidiano das classes sociais urbanas.
Num artigo anterior salientei que um dos fatos mais importantes que caracterizam uma rota de desenvolvimento bem-sucedida para as nações emergentes é o crescimento da taxa de poupança doméstica, que reflete a confiança que as classes sociais detentoras da riqueza acumulada têm sobre o futuro dos seus negócios. Também reflete um consenso sobre o regime de tributação que permite ao Estado investir na geração de bens públicos e coordenar um complexo processo de transferência de renda entre gerações, regiões e pessoas.
Desde meados dos anos 70 a nossa taxa de poupança não cresce, e ficou oscilando em torno de 20% do produto bruto doméstico. É um nível muito baixo para um país com aspirações de espetáculo de crescimento e, o que é mais importante dentro do cenário da globalização, transmite um sinal claro de que existe uma falta de consenso na sociedade sobre a forma de coordenação política do processo de crescimento. A memória recente de um processo hiperinflacionário tem uma