A Economia da Borracha e a Belle Poque
INTRODUÇÃO
Durante o período compreendido entre as últimas décadas do século XIX e primeiro quartel do século XX (1870-1915), ocorreu o processo de expansão e apogeu da economia da borracha na Amazônia. Nesta época, a exploração da borracha silvestre, através do extrativismo, foi possível em razão de diversos fatores. Em primeiro lugar, o desenvolvimento da indústria de pneumáticos, que possibilitou uma crescente demanda pelo consumo da borracha nos países industrializados da Europa e Estados Unidos da América e, portanto, favoreceu o crescimento da extração e exportação da borracha brasileira. Em segundo lugar, a borracha silvestre brasileira existente na região amazônica, denominada Hevea Brasiliensis, que então satisfazia as demandas dos mercados dos países industrializados em termos quantitativos e de qualidade, fez com que a Amazônia em pouco tempo fosse o principal fornecedor de borracha a nível mundial, detendo indiscutível monopólio. Outro fator foi a disponibilidade de mão de obra necessária à extração.do látex nas matas amazônicas, através da imigração nordestina que garantia a extração da borracha por um custo baixo. Havia, também, a existência de sistema de financiamento da extração e comercialização da borracha amazônica, através do aviamento que, favorecendo o processo de dependência dos seringueiros em relação aos seringalistas, permitia justamente a exportação da borracha pelos portos de Belém e Manaus; além de casas de comércio estrangeiras na Amazônia que, fazendo importação e exportação de produtos, acabava monopolizando a venda da borracha para os mercados europeus e norte-americano, permitindo o seu escoamento.
Nesta época, a economia da borracha baseada no extrativismo conseguia atender a demanda dos mercados industrializados importadores da Hevea Brasiliensis, não havendo razão para que os seringalistas investissem pesados capitais na exploração racional do cultivo da borracha, cujo