A DURA VIDA NOS ENGENHOS DO BRASIL COLONIAL 1
(Abel) A difícil vida dos africanos que vinham, de forma compulsória, para trabalhar na América portuguesa, já era terrível durante a viagem de travessia do Atlântico. A travessia do "Atlântico Negro" durava mais de dois meses. Espremidos nos porões dos navios negreiros ou tumbeiros, milhares de homens, mulheres e crianças suportavam calor, sede, fome, sujeira, ataques de ratos e piolhos, surto de sarampo ou escorbuto. Amontoados nos porões, durante o percurso eles tinham de permanecer sentados, acorrentados uns aos outros e com a cabeça inclinada.
Muitos não resistiam, e acabavam jogados ao mar. A chegada ao Brasil significava o fim de uma longa jornada de horror. No entanto, era apenas o início de outras tantas atrocidades que o escravo ainda teria de enfrentar. Chegando a colônia os sobreviventes, eram encaminhados para grandes armazéns, onde seriam negociados. Eram eles que realizavam quase todo o trabalho: na lavoura, nas casas, na exploração mineira, nos serviços urbanos, no transporte de pessoas e mercadorias. Trabalhavam até o limite máximo de suas forças. Nos engenhos, por exemplo, a jornada diária de trabalho durava de 14 a 17 horas, sob a vigilância dos feitores, que tinham ordens de castigar os "preguiçosos". ( Abel)
Os castigos, aplicados em público para servir de exemplo aos demais, eram cruéis: açoite, amputação, palmatória, tronco, máscara e coleira de ferro, correntes com peso. Considerava-se o castigo físico um direito e um dever dos senhores. Os escravos urbanos tinham maior liberdade de locomoção e muitos trabalhavam sem a restrita vigilância dos senhores. Havia senhores urbanos que cediam em aluguel seus escravos a outras pessoas, como também eram uma fonte de riqueza importante, pois exerciam ofícios recebendo uma remuneração que revertia para seus donos. ( Abel)
(Davi) Os escravos de ganho conseguiam às vezes guardar parte dos rendimentos que recebiam e assim, após décadas de poupança, foi