A drenagem do tempo: o instante eterno da fotografia
A drenagem do tempo
O instante eterno da fotografia.
“A fotografia é uma descobert maravilhosa... uma ciência que atraiu os maioes intelectos, uma arte que excita as mentes mais astutas – e uma que pode ser praticada por qualquer imbecil.”
- Nadar (1853)
Desde sempre, quando ouso me envolver com a fotografia e até me arriscar com um olhar que busca o despercebido do cotidiano, me surpreendo contemplando o instante. Mas então o que seria a fotografia se não um recorte eternizado de um instante? A pequena fração de tempo onde o olhar se encanta e destaca dali a sua arte.
Antes de uma abordagem atual mais significativa, gostaria de voltar um pouco no tempo e buscar em teóricos do século XIX algumas referências sobre o estudo e a origem da fotografia. Citarei, em primeiro, Walter Benjamin (séc XIX) que diz ser fotografia “a imagem que se cristaliza ao ser arrancada do fluxo contínuo da história”. A fotografia, nessa época recém descoberta e sériamente questionada como arte, desconsiderava o instante em sua abordagem de tempo, visto que a exposição para se compor uma fotografia necessitava de horas. No fim do século, surge o obturador (1874, futuramente aperfeiçoado por uma companhia alemã) e as placas de gelatina seca (40 vezes mais sensíveis que as placas anteriores). Nessa época, já se era falado sobre ‘fotografia instantânea’.
A história da fotografia é marcada por saltos em sua tecnologia que a levava cada vez a tempos menores de exposição. Por menores que sejam, a duração ainda é um intervalo de tempo com início e fim e que demora. O ato fotográfico aqui se desprende do fluxo temporal, e faz da fotografia um momento eternizado pelo clique. Essa eternização do tempo imperceptível constrói na imagem o reflexo do agora-futuro e o recorta do tempo