A ditadura
Bibliografia http://arte.folha.uol.com.br/especiais/2014/03/23/o-golpe-e-a-ditadura-militar/artigos.html Imprensa apoiou ditadura antes de ajudar a derrubá-la
OSCAR PILAGALLO Especial para a Folha
Com mais ou menos intensidade, a grande imprensa brasileira apoiou o golpe de 64. Depois de um período de entusiasmo com o novo governo, os jornais –uns cedo, outros tarde– passaram a criticar a ditadura e, após duas décadas, nos estertores do regime, tiveram papel relevante na redemocratização.
A unanimidade contra o presidente João Goulart foi construída ao longo de seu governo, à medida que cresciam o radicalismo e a aproximação com setores da esquerda. Em setembro de 1961, no conturbado episódio de sua posse, que marcou o início da articulação golpista, a imprensa estava dividida.
Vários jornais se declararam contra o veto militar ao vice de Jânio, que renunciara. Os Diários Associados, com jornais espalhados pelo país, posicionaram-se a favor da posse. No Rio, os dois principais veículos, "Correio da Manhã" e "Jornal do Brasil", também defenderam a legalidade. Foi essa também a linha editorial da Folha.
Dois jornais advogaram que Jango não assumisse: "O Globo", no Rio, e "O Estado de S. Paulo", este com o agravante de não aceitar nem ao menos a solução parlamentarista, costurada para contornar o impasse.
Mesmo os veículos que haviam defendido a posse de Jango, no entanto, passaram a criticar seu governo.
No final de 1963/início de 1964, os jornais haviam convergido para uma oposição que endossava a tese da deposição do presidente. A justificativa era que ele próprio estaria caminhando para um golpe de esquerda ou armando uma manobra continuísta.
Estabelecido o viés geral, a variável ficou por conta do grau de envolvimento de cada veículo. Alguns tiveram papel periférico, como a Folha, com limitado peso editorial na época, e o "Jornal do