a ditadura escancarada

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A Ditadura Escancarada

Fazendo distinção entre o conceito de interrogatório e suplício, Gaspari inicia esta obra abordando o imaginário que aceitava a tortura como um dos recursos necessários para enfrentar os comunistas, terroristas, subversivos. Esclarece que enquanto o interrogatório envolve perguntas e respostas, no suplício as respostas são resultado da submissão ao torturador. Fruto da retórica da negação adotada pelo Governo Militar (não podemos dispor sobre aquilo que não se ordenou), a tortura tornou-se política pública nos porões da ditadura. Ademais, é fato que torturadores foram recompensados com condecorações e promoções de diversas maneiras dentro do aparato meritocrático da burocracia. A aceitação da tortura enquanto método para obtenção de confissões termina na presunção do que Gaspari chama de “paradigma da eficiencia da criminalidade na repressão politica”, encarnado pelo delegado Sérgio Fleury. É importante perceber o papel de centralidade que a tortura adquire no decorrer do regime militar, pois é justamente em decorrencia de suas denuncias que movimentos internacionais e a instituição da Igreja católica se articulam para enfrentar o regime.

No Brasil o “surto terrorista” foi maximizado pelo exército (em comparação com outros países como EUA/1970 e Irlanda/1971) dando-se o aval para reações excepcionais. Começou então um projeto ambíguo do governo militar: negava a tortura enquanto política de estado, mas recompensava torturadores; associava a tortura com a clandestinidade, mas tentava preservar a imagem dos torturadores diante dos demais oficiais. Em uma cartilha preparada pelo DOPS paulista em 1973, a definição de “Torturadores” era a seguinte: “Expressão utilizada pela subversão para designar todos aqueles que se empenham ou colaboram na prisão de subversivos terroristas”. Para o autor, o fator condicionante para o sucesso da burocracia da violencia é a recompensa funcional: “um oficial que entrasse como capitão no circuito SNI-CIE-DOI

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