A Din mica da Espiral
O mundo deste início do século XXI é, mais do que nunca, plural. Um número considerável de seres humanos habita regiões cultural e socialmente distantes e diferentes das sociedades ditas industrializadas. Na própria sociedade ocidental bilhões de cidadãos, ainda que mergulhados em hábitos e comportamentos de consumo de massa, com acesso aos mais diversos produtos e serviços, situam-se em níveis de evolução diferentes tendo do mundo e do futuro (seus e da sociedade) visões e expectativas muito diversas.
Esta miscelânea de "mundos" e de "visões e expectativas" distintas confere ao nosso planeta múltiplas dimensões e desenhos da realidade humana. O tema foi pela primeira vez abordado pelo professor de psicologia americano Clare W. Graves, nos anos 60, tendo sido posteriormente desenvolvido por Don Edward Beck e Christopher C. Cowan. Atualmente, nomes como Ken Wilber, uma das mentes mais brilhantes do nosso tempo, adotaram o seu modelo de compreensão do mundo. Dois livros se destacam pelos seus contributos decisivos no seu esclarecimento e promoção: Spiral Dynamics, de Beck e Cowan (1996) e A Theory of Everything, de Ken Wilber (2002), publicados em Portugal respectivamente pelo Instituto Piaget e pela Editora Estrela Polar.
Baseados no trabalho pioneiro de Clare Graves, Beck e Cowan propuseram um modelo de desenvolvimento humano que, devido à sua configuração, recebeu o nome de Dinâmica da Espiral. Este modelo tem sido validado e não refutado por diferentes pesquisas. Segundo este modelo, o ser humano nasce no estádio 1 e pode evoluir até ao estádio 9 dependendo essa evolução de múltiplos fatores psicológicos, culturais e sociais. Escreveu Graves: "é um processo espiralado, emergente, oscilante, marcado por uma progressiva subordinação de sistemas de comportamento mais antigos e de ordem inferior a sistemas mais recentes, de ordem superior, que ocorre à medida que os problemas existenciais de um indivíduo se alteram".
A existência humana,