A crítica ao inatismo e a noção geral do conceito de idéia nos primeiros livros da obra ensaio acerca do entendimento humano de john locke

RESUMO

Da tradição empírica inglesa emerge o pensamento do filósofo, médico experimental e político John Locke (1632-1704). Locke encontra-se em meio aos filósofos empiristas, concebendo a experiência sensível como fonte de todo conhecimento. Publicada em 1690, concluída após vinte anos de preparação – tempo provável de duração do início até a publicação – e considerada sua obra-prima, o Ensaio acerca do Entendimento Humano traz-nos uma nova concepção de conhecimento, que influenciou de forma decisiva, todo o pensamento gnosiológico posterior. Tendo considerado, na parte introdutória de sua obra, o objetivo principal de seu empreendimento, que consiste em analisar os limites da capacidade humana de conhecer, Locke efetua no Livro I uma análise crítica do pensamento inatista, procurando mostrar que todas as idéias derivam da experiência, de tal forma que essa mesma torna-se o limite de todo conhecimento. Após destacar seu ponto de partida, Locke, no Livro II, preocupa-se em abordar o conceito de idéia, em seu sentido mais geral, nomeando-a como sendo o ‘objeto do pensamento’. Locke aborda a gênese da mesma, ou seja, a fonte de onde as idéias são provenientes. Tendo como referencial a obra e alguns comentadores, esse trabalho tem como meta comentar os primeiros argumentos de análise usados por Locke como meio para refutar a tese inatista. Dessa forma, a partir da nova caracterização do termo idéia feita pelo autor em seu livro II não é vista mais como inata ao entendimento humano, mas revestida de toda a roupagem empírica, o que foi de grande valia para o desenvolvimento da filosofia.

PALAVRAS-CHAVE: Locke, inatismo, crítica, idéia, empirismo.

1 A CRÍTICA AO INATISMO E A NOÇÃO GERAL DO CONCEITO DE IDÉIA

Tendo por base a obra Ensaio acerca do Entendimento Humano, de John Locke, detendo-se mais especificamente em seus primeiros capítulos, empreendi um estudo que tem por meta a compreensão da crítica desse filósofo à doutrina inatista – a qual