A crise na Ucrânia
Se, para a crise política, a Ucrânia parece ter encontrado uma solução, a economia continua mal e cada vez mais próxima do fundo do poço. Na semana passada, a agência de notação de risco Standard & Poor's reduziu a classificação de crédito do país de CCC+ para CCC, apenas quatro níveis acima da nota D, que é atribuída quando um país não pode mais cumprir suas obrigações. Em outras palavras: a Ucrânia está à beira da inadimplência estatal.
Desde o início do ano, a moeda ucraniana, a grívnia, desvalorizou-se mais de 10% em relação ao euro. As reservas cambiais estão minguando, com o agravante de que as dívidas estatais crescem rapidamente porque uma grande parte dos empréstimos foi contraída em moeda estrangeira. "Uma falência estatal é totalmente provável", avalia Theocharis Grigoriadis, professor convidado de economia no Instituto do Leste Europeu na Universidade Livre de Berlim.
Isso só não aconteceu por causa dos bilhões em empréstimos que o presidente russo, Vladimir Putin, prometeu ao ex-presidente Viktor Yanukovytch em dezembro de 2013. "Essa também é a lógica do presidente russo, para que a Ucrânia fique dependente da Rússia."
Segundo Grigoriadis, a ameaça de falência estatal também seria um motivo para Yanukovytch ter rejeitado a assinatura do acordo de associação com a União Europeia (UE), em novembro de 2013. "Já havia na ocasião a ameaça de falência, e a Rússia era o único país que poderia oferecer uma solução em curto prazo", acresceu o economista.
Também o especialista em Leste Europeu Tobias Baumann, da Confederação Alemã das Câmaras de Indústria e Comércio (DIHK, na sigla em alemão), disse que a situação econômica é dramática. "A Ucrânia consegue cobrir menos de dois meses de importações, ou seja, durante seis semanas ainda é possível importar os bens necessários para garantir o