A crise financeira 1891
A crise financeira de 1891 é um assunto obrigatório da história portuguesa do século XIX. A ela está ligado o fim de um período de grande estabilidade monetária e cambial e de relativo crescimento económico. O longo período de estagnação que vai afectar a economia portuguesa desde então e até ao pós-segunda guerra mundial é acompanhado por uma situação monetária muito diferente daquela que vigorou entre 1854 e 1891.
A crise de 1891 foi uma crise financeira porque as finanças do Estado e o sistema bancário entraram então em colapso. Depois, esta crise financeira tornou-se imediatamente uma crise económica, porque provocou uma estagnação do crescimento da riqueza. A relação entre estes dois aspectos tem sido mais sugerida do que explicada. Os dados abundam, os argumentos são, em geral, coincidentes entre os vários autores, mas o nexo causal que liga a crise financeira do Estado à crise económica é vago e, na melhor das hipóteses, está apenas implícito.
Os pressupostos teóricos de que partem os autores que têm escrito, desde há mais de cem anos, sobre a crise de 1891 não são claros e muitas vezes desdenham a própria teoria, como se esta fosse mais um embaraço do que a via correcta de ler os acontecimentos e os dados estatísticos. Este estudo
* Faculdade de Letras de Lisboa.
** Este estudo é uma versão aumentada da primeira secção do capítulo 5 («A crise financeira de 1891 e a Pauta Geral das Alfândegas de 1892») da tese de mestrado apresentada pelo autor em Dezembro de 1997 na Faculdade de Letras de Lisboa, A Associação Comercial de
Lisboa e o Reajustamento do Regime Proteccionista Português, 1885-1894.
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Luís Aguiar Santos pretende propor mais uma leitura desta crise, mas à luz de um teorema explicativo das crises financeiras e do ciclo económico.
AS CRISES FINANCEIRAS, O CICLO ECONÓMICO
E A PERTINÊNCIA DA TEORIA «AUSTRÍACA»
O aperfeiçoamento, no século XIX, das