A crise ambiental
Philippe Pomier Layrargues
"A educação ambiental não é neutra, mas ideológica. É um ato político, baseado em valores para a transformação social." (Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade
Global, 1992).
Introdução
O ambientalismo, movimento social e histórico que teve origens a partir da constatação de uma crise civilizacional de feição ambiental, na relação estabelecida entre as sociedades modernas e a natureza, é cada vez mais reconhecido como um fenômeno ideológico no discurso político atual, tornando-se uma nova doutrina além das tradicionais clivagens político-ideológicas das sociedades modernas avançadas (Eder, 1996). Marin
(2000), por exemplo, um autor que analisa a relação entre ideologia e meio ambiente, identifica no ambientalismo a presença de três escolas: o ecocapitalismo, o ecosocialismo e a culturalista, evidenciando as disputas internas dentro do próprio movimento. E como um corpo filosófico em plena maturação, inúmeras tendências analíticas sugerem outros modelos de classificação dessa doutrina ideológica com suas respectivas escolas de pensamento. É preciso então, para analisar o significado da ecologia política de modo mais nítido e coerente, partir do pressuposto de que a questão ambiental, mais do que um assunto técnico ou comportamental, é uma questão política e ideológica, para desse modo, munir-se de parâmetros capazes de indicar o grau de radicalidade da crítica do movimento ambientalista, e sobretudo, avaliar as implicações da crise ambiental na educação. Nesse sentido, o conceito de Ideologia é um dos mais esclarecedores, mas surpreendentemente um dos menos utilizados pelas ciências ambientais. É sobre alguns elementos gerais da
Teoria das Ideologias que discutiremos na primeira parte desse texto, para a seguir, examinar a presença do discurso ideológico tanto no ambientalismo como na Educação, para enfim, apresentar uma