A corrente do Neo-Realismo
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A corrente do Neo-Realismo Dotado do mesmo espírito independente, perante a vida e a literatura, Ferreira de Castro (1898-1974) começou por escrever fora de Portugal, já que emigrou com doze anos para o Brasil, onde trabalhou como seringueiro na Amazónia e, posteriormente, como jornalista. Emigrantes (1928) e A Selva (1930) são exemplos duma prosa vivida que espelha muitos aspetos da sua experiência pessoal. À medida que a sua obra vai crescendo vão-se notando também mudanças a nível da linguagem, mais rica em A Lã e a Neve (1947), e da composição das personagens, mais aprofundada em A Missão (1954). Porque relatou muito do que viveu e, essencialmente, porque fez uma descrição bastante pormenorizada das duras condições de vida das classes trabalhadoras, há quem considere Ferreira de Castro o introdutor do Neo-Realismo na literatura portuguesa. A nível ideológico, porém, faltar-lhe-á (e muitos consideram isso importante) a militância política (ou mesmo político-partidária) que, em especial no caso do Neo-Realismo português, marcou este movimento. Após o golpe de estado de 1926, os partidos políticos (entre os quais o Partido Comunista Português) só podiam sobreviver na clandestinidade e a censura foi assaz severa para com a imprensa e a literatura. A revista Vértice usufruiu duma atividade regular considerável, tendo em conta os condicionalismos impostos pela Comissão de Censura, e foi, por assim dizer, o órgão difusor do Neo-Realismo, tentando, tanto quanto possível, dar expressão literária aos conflitos sociais e à luta do proletariado. Alguns dos expoentes desta corrente literária empenhada na transmissão duma perspetiva marxista da vida e na discussão dos problemas dos extratos sociais mais humildes foram: • Soeiro Pereira Gomes (1909-1949), autor de Esteiros (1941), obra dedicada a “homens que nunca foram meninos”, • Alves Redol (1911-1969), autor dos romances, entre outros, Gaibéus (1940) e Barranco de Cegos (1962), e • Manuel da Fonseca