A Constituição do Homem segundo Vicent Cheung
CHEUNG (2003) faz defesa extremamente elaborada de um homem dicotômico, constituído de corpo e alma. Segundo ele, devemos sustentar que a racionalidade é o elemento básico na definição da imagem de Deus no homem. Neste sentido o homem é moral porque ele é racional, portanto a moralidade é uma função da racionalidade. Por outro lado, este modo de ver o homem tem objeções a igualar a imagem de Deus ao intelecto do homem. Uma delas é fundamentada na visão de que o homem é uma TRICOTOMIA consistindo de espírito, alma e corpo. Proponentes desse ponto de vista afirmam que a Bíblia retrata o homem como uma tricotomia, e visto que “Deus é espírito” (João 424), a imagem de Deus deve, portanto, ser o espírito do homem em oposição à sua alma ou corpo. Isso sendo assim, a imagem de Deus não é o intelecto racional do homem, mas é uma parte não-intelectual do homem chamada de “espírito”. O problema com essa visão é que a Bíblia não endossa a tricotomia, mas ao invés disso, ela ensina que o homem é uma DICOTOMIA consistindo de alma e corpo.
Embora os tricotomistas frequentemente citem Hebreus 412 em apoio à sua opinião, uma leitura apropriada do versículo tornará a posição deles impossível. O versículo diz “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração”. Os tricotomistas declaram que, embora seja difícil distinguir entre a alma e o espírito, esse versículo diz que elas podem ser divididas pela palavra divina. Portanto, a alma e o espírito são duas partes diferentes de uma pessoa.
Contudo, o versículo não diz que a palavra de Deus pode dividir a “alma, o espírito e o corpo”, mas que ela pode dividir “alma e espírito, juntas e medulas”. Visto que “juntas e medulas” pertencem ao corpo, ou a parte material do homem, a interpretação natural é que “alma e espírito” também