A Conferência de Berlim
No final da década de 70 do século XIX, a ocupação europeia apenas se fazia sentir em pontos do litoral africano. Mas no alvorecer do século XX, quase toda África se encontrava às mãos do domínio europeu.
Que razões levaram a uma tão rápida e vertiginosa ocupação do continente africano?
Para além das razões de ordem econômica, comuns às potências européias empenhadas [e de tal modo comprometidas] no processo de industrialização, e que foram determinantes a partilha da África, feita de uma forma tão precipitada, foi o resultado da intervenção do rei da Bélgica, Leopoldo II, e da Alemanha que, anteriormente, não tinham demonstrado interesse pelo continente africano.
Assim, desconhecido o Centro africano, para a penetração nela, as embocaduras do rio Congo ou Zaire tornar-se-á o cerne das atenções e das mais puras situações litigiosas entre as grandes potências européias. É por meio desta que surge a idéia da criação de uma conferência, realizada em Berlim, entre Novembro de 1884 a 26 de Fevereiro de 1885, uma reunião que, a pesar de vários assuntos abordados, teve fito a resolução das questões mais particulares da região do Congo.
Por conseguinte, este breve trabalho cinge ou tem como foco temático a conferência de Berlim, o qual através de uma recolha bibliográfica procura responder algumas questões relacionadas às razões mais profundas da realização da conferência de Berlim, os motivos intervenientes à tão acirrada simpatia europeia pela África, o caso Leopoldo II e os problemas relacionados ao Congo, as principais cláusulas da Acta Geral e a questão da ocupação efectiva e a subseqüente partilha e divisão da África. Estes são os pontos a serem delineados nas páginas a seguir.
1. O Processo de “Roedura” do Continente.
O processo de roedura da África teve um começo anterior a conferencia de Berlim, com a estada dos portugueses por volta de 1430, devido a necessidade de manutenção do reino de