A Condi O De Trabalho Da Pop Rua
Maria Magdalena Alves1
“Estar na rua circunstancialmente é uma situação provisória; no entanto, quando a ausência de trabalho se prolonga, quando o dormir na rua passa a ser uma constante, novas relações se estabelecem, hábitos começam a ser incorporados, novos códigos são criados” 2
A noção de trabalho é uma realidade inventada no século XVIII, na Europa. Segundo Freyssenet, ela “corresponderia [...] à emergência da relação assalariada e do trabalhador livre vendendo sua capacidade de trabalho”. O trabalho ganha uma hegemonia progressiva e esta relação social se torna referência
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para a quase totalidade das sociedades que passam a se perceber, pensar e organizar a partir desta referência.
Passados três séculos, uma das discussões significativas sobre este assunto é se na contemporaneidade está havendo uma perda na centralidade do trabalho, e aí, o mesmo
Freyssenet aponta a existência de três posições que conduzem a conclusões práticas bem diferentes.4 A primeira posição aponta uma mudança na natureza do trabalho que passa a ser uma atividade na qual cada um prova suas capacidades. Um segundo grupo diz que o trabalho nunca foi a única fonte de riqueza e que está deixando de ser economicamente central. Por fim, há os que consideram que “os ganhos de produtividade possíveis são atualmente de tal monta devido às tecnologias, que não será mais possível no futuro oferecer trabalho para todo mundo. É uma oportunidade de praticar uma ampla distribuição de trabalho e permitir a maior número de pessoas exercer atividades de sua livre escolha.”
Ainda que o trabalho seja uma invenção histórica, tudo leva a crer que estamos ainda muito longe de prescindir dele e aceitar o fim da sua centralidade. Para isso seria necessário que as sociedades se estruturassem segundo outras relações sociais e que a venda da capacidade de trabalho não mais fosse o valor a partir do qual as pessoas são avaliadas, aceitas ou rechaçadas.
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