A civilização Egípcia - Germain Bazin
CIRCUNSTÂNCIAS HISTÓRICAS
Graças à sua posição invulnerável junto do deserto e à existência do reduto do Alto Egito, que, por três vezes no decurso da sua história, refez a unidade nacional, o Egito elaborou uma civilização erudita, que, ao longo de trinta séculos, apresentou uma continuidade política, cultural e artística única na história do mundo. Esta imutabilidade, que tem um caráter sagrado, constitui a força e a grandeza do Egito, assim como a sua monotonia. Ligeiras variantes tornam possível, no entanto, distinguir uma lenta evolução nesta longa sucessão de séculos. As primeiras manifestações artísticas da civilização egípcia – Época Pré-Dinástica (antes de 3100) e Época Tíinita (1a e 2." dinastias, 3I97-2778) - revelam-na estreitamente ligada à vizinha civilização sumeriana, ou porque tenha sofrido a sua influência, ou porque ambas tenham uma origem comum. O Império Menfita ou Antigo Império (3a à 11a dinastias, do ano 2778 ao ano 2423) realiza no Delta as primeiras e as mais grandiosas construções do Egito, as pirâmides, que são as sepulturas dos faraós Kéops, Kéfren e Mikerinos (4a dinastia, 2725 a 2650 aproximadamente). Nesta época a arte é exclusivamente funerária e as construções dos vivos são feitas de materiais pouco duradouros: tijolo cru, feito de argila seca ao sol, e madeira; a estatuária, a arte do baixo-relevo e a pintura apresentam-se normalmente constituídas. Após um período de anarquia, o Egito reforma-se, designando-se. este segundo período da sua história pelo nome de Império Médio; a cidade de Tebas, no Alto Egito, dará o nome às novas dinastias (11a – 17a dinastias, do ano 2065 ao ano 1785); a arquitetura funerária domina, e os templos continuam a ser modestos. Foi à 18a dinastia que coube a honra de refazer a unidade egípcia, comprometida pela invasão dos Hicsos, fundando o Império Novo (18a –25a dinastias, do ano 1580 ao ano 1085), que é o período mais brilhante da arte